26.12.11

Restos mortais

Fruto de uma fase onde o bloqueio criativo era apenas mais um sintoma. Eu transcreveria esse texto e mudaria uma série de coisas. Mas como saiu, assim quase psicografado, fica um pouco mais autêntico. 
Da série: para desenvolver e aprofundar, no sentido formal e subjetivo. 


Vende-se uma alma.
Vendo se há alma.
Pesando perdas, ganhos e inércia.
Paro e tento recordar:
Onde estarão os demônios que enterrei?
Conto os sete palmos e cavo para libertá-los.
Qual cova?
Minha mente é cúmplice desse esquecimento.
Não quer dar-me a pá.
Quer vendar meus olhos e brincar de cabra-cega.
De onde você veio?
Saiu de mim. Não quer voltar.
Meus anjos.
Voaram longe sem as asas.
Caíram no mesmo túmulo que eu então cavava.
E joguei terra sobre suas preces.
Qual terra?
Quantos passos contarei?
Qual direção seguir?
É de dentro pra fora.
A ação. A reação.
De fora pra dentro.
Meu caminho. Meu mapa.
Está tudo aqui comigo.
Sou a terra, o túmulo, a cova.
Você enxerga minha pedra tumular.
Você lê o meu epitáfio.
Mas não pode ver além. 
Deposite suas flores.
Acenda uma vela.
Faça uma oração.
Antes que eu liberte meus demônios e dê asas aos meus anjos. 

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